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CINEMA

Palestra debate representação da mulher no cinema

“Fale com Ela”, “Central do Brasil”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e “Valente”. São muitos os filmes em que as mulheres são o centro da história. Mas daí a pensar sobre a forma como essa representação é feita, “são outros quinhentos”. “Em verdade

“Fale com Ela”, “Central do Brasil”, “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain” e “Valente”. São muitos os filmes em que as mulheres são o centro da história. Mas daí a pensar sobre a forma como essa representação é feita, “são outros quinhentos”. “Em verdade, houve o tempo da ‘Branca de Neve’ e há o tempo atual da ‘Moana’, mas não creio que o tempo da ‘Branca de Neve’ tenha passado integralmente”, pontua a doutora em Ciência Política e crítica de cinema Luzia Miranda Álvares. Amanhã, às 18h30, ela apresenta uma palestra sobre o tema na Casa das Artes, pelo Centro de Estudos Cinematográficos.

Para ela, o cinema clássico foi responsável por colaborar com uma imagem fixada e sistematicamente repetida de uma mulher ideal, evidenciando uma estrutura, um código do comportamento feminino que era apreendido, absorvido e levado subjetivamente para casa pelos espectadores. “Teóricas feministas, como Ann Kaplan e Laura Mulvey, desenvolveram análises que passaram a reavaliar consideravelmente as imagens desse cinema clássico a partir dos anos 1970”, explica Luzia.

A citada figura da Branca de Neve evidencia um cinema no qual as mulheres eram vistas nas tarefas domésticas nem que fossem obrigadas a isso – como na casa da Madrasta –, e mesmo depois, “quando ela chega à casa dos sete anões, transferem-se a ela as funções de limpeza”, aponta Luzia. Além disso, a salvação para aquela que sofre nas mãos da Madrasta está no amor do Príncipe. “Veja que a estrutura dessa animação carrega os modelos esperados às mulheres. O protagonismo de vítima de um sistema opressor (econômico e afetivo) lhe dá prêmios de consolação – o casamento em alto nível social”, critica.

Feminismo e indústria

Da primeira princesa da Disney até aqui, é possível comemorar algumas mulheres do cinema. Encontramos a Skeeter (Emma Stone), de “Histórias Cruzadas”, uma jovem jornalista que tenta emplacar seu primeiro trabalho nos anos 1960 contando a história de mulheres negras; Maggie (Hillary Swank), de “Menina de Ouro”, uma garçonete que faz de tudo para realizar o sonho de lutar boxe profissionalmente; assim como Teresa (Elizabete Francisca) e Francisca (Francisca Manuel), de “A Cidade Onde Envelheço”, duas portuguesas que decidem deixar seu país para morar no Brasil.

Mas é quando traçamos comparação dentro da mesma Disney que se torna mais visível essa passagem do tempo. Moana, do filme “Moana-Um Mar de Aventuras”, 2017, é a jovem do cinema de animação que passou a apresentar outro foco sobre o protagonismo feminino. “De sua decisão em sair em busca do amor pelos seus familiares em detrimento da célebre expectativa pelo ‘príncipe encantado’, as mudanças na animação são significativas”, diz Luzia. E essa transformação, para ela, é um reflexo de uma sociedade patriarcal contemporânea que começa a ter entre os seus membros movimentos sociais, e principalmente, feministas.

“Mas não se deve esquecer que cinema é indústria”, lembra a crítica. E como tal, ele espera extrair o capital e o lucro da circulação de seus produtos e, assim, o investimento em novas personagens femininas ousadas, bem como em temas que suscitem mostrar a sexualidade sem o apelo sexista, são focos atuais na agenda comercial do cinema. “As mulheres são espectadoras e a quantidade delas que começa a ter consciência do que representam na sociedade, despojadas desses emblemas instituídos, está crescendo. Graças a Deus!”

Um pouco mais sobre elas

Entre os filmes favoritos de Luzia Miranda estão “A Velha Dama Indigna” (1965), de René Alio, “Central do Brasil”, de Walter Salles, “e principalmente aqueles que rompem com as estruturas já estabelecidas sobre o corpo feminino, a sexualidade, os afetos das mulheres”, destaca. Neste caso, uma boa sugestão para assistir: “Variety” (1983), de Bette Gordon, que se tornou um marco do cinema feminista ao contar a história de Christine, funcionária de uma sala pornô que passa a seguir um cliente de forma obsessiva. Através dela, o cinema enfim mostrou o ponto de vista de uma mulher sobre pornografia, sexualidade e voyeurismo.

Criado há cerca de dois anos pela jornalista Luísa Pécora, o “Mulher no Cinema” é um bom site para conhecer de perto o trabalho das mulheres nas telas, como personagens ou por trás das câmeras. “No Brasil, diretoras foram responsáveis por 14,8% dos lançamentos de 2015. Em 88 anos de Oscar, uma única mulher ganhou o prêmio de direção e só outras três foram indicadas. Estudos apontam que personagens femininas em geral têm menos falas e mais cenas de nudez do que personagens masculinos. Dados como esses levaram à criação do ‘Mulher no Cinema’”, diz Luísa.

APRENDA

Palestra “De Branca de Neve às Vadias”, com Luzia Álvares
Quando: Amanhã, 28, às 18h30
Onde: Casa das Artes (Praça Justo Chermont, 236, ao lado da Basílica de Nazaré)
Quanto: Gratuito (com emissão de certificados)
Informações: (91) 4006-2900

(Lais Azevedo/Diário do Pará)

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