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GERSON NOGUEIRA

Leia a coluna de Gerson Nogueira deste domingo: Onde os fracos não têm vez

Re-Pa é jogo para gente grande, desafio para os nervos. Em clássicos legendários como o nosso, não há espaço para fraquezas. Só os valentes sobrevivem. Tem sido assim há 100 anos, jamais será diferente. O jogo mais importante da vida dos paraenses já viu

Re-Pa é jogo para gente grande, desafio para os nervos. Em clássicos legendários como o nosso, não há espaço para fraquezas. Só os valentes sobrevivem. Tem sido assim há 100 anos, jamais será diferente. O jogo mais importante da vida dos paraenses já viu figuras improváveis se transformarem em heróis do povo, enquanto outras caíram em desgraça após comportamentos débeis em campo.

Ouvia histórias desde pequeno lá em Baião sobre jogadores que fraquejavam nas horas decisivas, sofriam do chamado “nervoso”, esqueciam as próprias habilidades, sucumbindo e levando junto o próprio time. Esses episódios sempre foram repelidos com fúria pelas torcidas e os atletas ficavam marcados com o carimbo de pipoqueiros.

São situações que aconteciam quase sempre em jogos decisivos, sendo que o peso da fama de amarelão aumentava na exata proporção da importância do título em jogo. Talvez esse sentimento de repulsa tenha se espraiado a partir do ocorrido na decisão do Mundial de 1950.

Correu o país a história de os jogadores da Seleção Brasileira teriam se acovardado diante de Obdulio Varela, El Jefe Negro, que corajosamente comandou seus colegas desacreditados a uma conquista portentosa frente a 200 mil torcedores no Maracanã.

Alguns boatos (nunca confirmados) davam a entender que Obdulio teria estapeado um dos jogadores brasileiros. Tal lenda só ganhou ares de verdade pois o torcedor prefere acreditar em histórias de heróis e covardes, mocinhos e bandidos, desprezando a própria verdade dos fatos.

De resto, um sentimento humano eternizado no clássico bangue-bangue de John Ford, “O Homem que Matou o Facínora” (1962), já citado aqui algumas vezes, no qual um velho jornalista aconselha que, “quando a lenda se torna fato, imprima-se a lenda”. Tudo porque, mesmo por caminhos tortuosos, as lendas costumam ser mais interessantes.

Os sobreviventes de 1950 pagaram caro pela história em torno da coragem extremada de Obdulio Varela e da consequente passividade dos nacionais. O capitão uruguaio tornou-se mito, mesmo sem querer, e os brasileiros ficaram como meros pipoqueiros.

A história do futebol tem ainda episódios envolvendo Gerson em 1966, quando muitos avaliaram que tirou o pé diante de adversários carniceiros. Deu a volta por cima quatro anos depois, saindo como um dos craques da conquista do tri no México. Ronaldo, antes de virar fenômeno, foi crucificado pelo apagão em Paris. Também quatro anos bastaram para que se recuperasse de maneira triunfal.

No Re-Pa deste domingo, que vale o título paraense, não existem candidatos a heróis, nem a vilões. A batalha épica esperada vai se encarregar de dar os louros a quem de fato merece.

Dúvida sobre Cassiano é o último mistério do Re-Pa

O tempo de estrada encurta alguns caminhos na cobertura jornalística dos clubes, mas a pressa e a curiosidade dos repórteres conflitam com a parcimônia dos técnicos, ainda mais quando mistérios podem pintar por aí, até como armas estratégicas antes de uma decisão.

Em tempos de informação instantânea e múltiplas plataformas de comunicação, ainda há lugar para o suspense. A questão é que só os técnicos realmente sabem quem irá jogar e esse privilégio profissional não pode ser superado nem mesmo pela capacidade de apuração dos mais sagazes repórteres.

Sobre as escalações para o jogo, não há mais dúvida quanto à equipe do Remo, mas Dado Cavalcanti pode tentar uma cartada de ousadia no PSC, como fez diante do Bragantino na semifinal.

Cassiano é a bola da vez. Recuperado ou não, permanecia até ontem como incógnita. É provável que a questão só seja esclarecida nos vestiários do estádio Jornalista Edgar Proença minutos antes de a bola rolar. E a tradição dos mistérios inúteis estará sendo respeitada mais uma vez.

Noções de consciência política no mundo boleiro

Em meio aos eventos em torno da decretação de prisão do ex-presidente Lula, na quinta-feira, sacudindo o Brasil nas horas seguintes, chama atenção o silêncio ruidoso de figuras ligadas ao esporte mais popular do país. Nenhuma manifestação, contra ou a favor, como a confirmar a pecha de alienado que todo boleiro brasileiro tem, com raras exceções – Afonsinho, Sócrates, Wladimir e fica nisso.

Os últimos acontecimentos da cena política passaram em brancas nuvens perante até jogadores mais loquazes e despachados. É como se houvesse um pacto de silêncio, para talvez não misturar o tema futebol com os destinos do país, como se tal fosse possível.

A forte herança dos anos de chumbo, que alguns irresponsavelmente ainda ousam defender, talvez seja o ponto a ser analisado para que se entenda a postura normalmente esquiva do mundo futebolístico no Brasil em relação a assuntos considerados polêmicos.

Dito isto, cabe registrar com louvor o posicionamento franco e claro de Diego Maradona, um velho e declarado admirador de Lula e defensor das causas democráticas na América Latina. Jornalistas portenhos conhecidos, como Alejandro Apo, também se manifestaram.

Atitudes que acentuam o abismo de consciência entre irmãos de continente e ajudam a explicar tantas diferenças.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 21h, na RBATV. Na bancada, participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Tudo sobre a grande decisão do campeonato, com a participação do telespectador através de mensagens e sorteios de brindes.

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