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GERSON NOGUEIRA

Reforços de pé-quebrado

Quando se critica a política de contratações dos clubes paraenses, notadamente da dupla Re-Pa, uma pequena injustiça vem embutida. É que nossos grandes apenas repetem, item por item, quase como se faz naqueles livros para colorir, as burradas que os clube

Quando se critica a política de contratações dos clubes paraenses, notadamente da dupla Re-Pa, uma pequena injustiça vem embutida. É que nossos grandes apenas repetem, item por item, quase como se faz naqueles livros para colorir, as burradas que os clubes mais estrelados e ricos do país vivem a cometer a cada começo de temporada.

Algumas vezes, por puro acaso, algumas contratações equivocadas acabam surtindo algum efeito imediato, para logo cair na vala comum dos negócios que só geram arrependimento.

Depois de contar por algum tempo com o Alexandre Pato, aquele que foi sem nunca ter sido, e de haver repatriado Luís Fabiano, o atacante mais irascível e burro que o futebol brasileiro moderno já produziu, eis que o tricolor paulista volta suas vistas para Kieza, um jogador com perfil de Série B.

Estava no Bahia em 2015, fazendo seus golzinhos, sempre jogando como atacante de contragolpes rápidos, como no começo da carreira no futebol do Rio de Janeiro. Não é possível que os executivos do São Paulo só tenham notado Kieza agora, quase 10 anos depois de seu surgimento.

O Kieza de hoje não é melhor, nem pior do que aquele do começo da carreira. É apenas mais rodado. Dá gosto ver a mídia paulistana tecendo loas ao centroavante, saudando-o com o entusiasmo de quem acredita piamente que os ares cinzentos de São Paulo transformam qualquer um em craque.

Foi assim há uns cinco anos com Kêirrison, que surgiu no Coritiba e desembarcou na Paulicéia com o cartaz de futuro centroavante do escrete canarinho. Já tinha até sigla, K9. No Brasil, aliás, qualquer perna-de-pau dá logo um jeito de inventar marca para passar um verniz no próprio nome.

Pois Kêirrison chegou ao Palmeiras, disputou alguns amistosos antes do Paulistão e desandou a fazer gols aproveitando as defesas fracas que encarava pela frente. Foi o bastante para ser alçado à condição de novo fenômeno. No Brasileiro, porém, fracassou redondamente, encabulado com o peso da súbita fama. Saiu do país, passou pela Espanha e hoje está de volta ao Coritiba, sem qualquer brilho.

No ano passado, foi a vez de Dudu, um meia-atacante ligeirinho e esquentado, que os três grandes da capital paulista disputaram a tapa depois que ele fez quatro gols na Série A defendendo o Grêmio. O leilão foi vencido pelo Palmeiras, que publicou até anúncio em jornal para tripudiar em cima dos rivais.

Ao longo de 2015, Dudu passou mais tempo suspenso do que jogando. Entre um pescoção num árbitro e brigas com adversários, marcou um ou dois gols, mas só apareceu mesmo na decisão da Copa do Brasil, quando marcou e ajudou o Palmeiras a decidir o título nos penais.

Citei esses exemplos para mostrar que lá no fundo mesmo todos os clubes brasileiros, de primeira ou quarta divisão, seguem rezando pela mesma cartilha antiquada de garimpar jogadores sem qualquer critério. Acreditam nos empresários, que são os mascates modernos, vendendo gato por lebre. Às vezes, num rasgo de sorte, acertam em cheio. Normalmente, o resultado é frustrante e os clubes amargam sérios prejuízos.

O pior é que, por conta das escolhas erradas, os jogadores negociados com o exterior também são ruins e acabam voltando sem glórias ou enganando por algum tempo – às vezes tempo suficiente para chegar à Seleção, fechando o ciclo de incompetências de onde o Brasil não consegue se desenrolar há três Copas.

Enquanto não houver de fato uma política de formação de atletas, planejada e séria, com fins bem definidos, o Brasil seguirá levando de 7 a 1 da Alemanha. Sim, porque os clubes serão sempre a base de tudo.

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